domingo, 2 de janeiro de 2011

No céu da Rua Grande


    Desde há muito tempo atrás, os moradores de Tabocas costumam ir a Santa Cruz do Capibaribe no dia da feira de frutas – que pela variedade do que nela se vende além de legumes, verduras e frutas, podemos dizer que trata-se duma “feira de Caruaru” em miniatura. Até hoje, como antigamente, as mercadorias se estendem ao longo da Rua Grande, muitas abaixo das gameleiras centenárias.
    Os taboquenses faziam a viagem em caminhões, Rurais ou a pé mesmo, não se importando, neste caso, com os 14 quilômetros que separam Santa Cruz do lugarejo onde nasceram e se criaram meus bisavôs maternos. Hoje em dia, há Toyotas de sobra, principais responsáveis pelo transporte.
    Lá pela década de 1940, meu bisavô estava fazendo compras naquela importante feira quando notou que todo mundo começou a olhar para o alto, soltando fortes exclamações. Entre os galhos das gameleiras, ele avistou no céu uma enorme “bola de fogo” (assim todos definiram o fenômeno), cuja trajetória desenhada era oeste-leste, ou seja, vinha do lado de São Domingos, dirigindo-se para o lado da igreja matriz. Mas a estranha coisa não voava baixo: deslocava-se, do ponto de vista dos observadores, aparentemente a altura de um avião acima das nuvens.
    Algumas pessoas entraram em pânico, gritando: “Vala-me Deus!” “Se cair, é o fim do mundo!” Meu bisavô apenas olhava, maravilhado com tão intenso brilho a cruzar o céu – não se parecia com nada feito pelas mãos dos homens. Ele contou que era possível ouvir o barulho que a “bola de fogo” emitia, espécie de trovão prolongado, até ela desaparecer completamente na linha do horizonte.
    Hoje sei que esse fenômeno testemunhado por um bisavô e tantas outras pessoas era sem dúvida um meteoro. Certamente se desintegrou antes de cair ou explodiu nas altas camadas da atmosfera, como a maioria dos meteoroides que chegam ao nosso planeta. Recentemente, algumas dessas pedras do espaço, em plena queda, chegaram a ser filmadas em várias partes do mundo, e os vídeos se parecem muito com o que o meu bisavô descreveu.