quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sobre enchentes, outra vez


    Nada de interessante vem acontecendo ultimamente por aqui, exceto algumas enchentes que estão voltando a infernizar a vida dos habitantes da Zona da Mata pernambucana. Não há nada de novo nelas – são mera repetição do que ocorreu há menos de um ano, talvez com uma quantidade de água menor, mas é uma reprise.
    Lá em Palmares, o centro da cidade deveria ser desmontável, para que os empregados das lojas e dos supermercados tivessem o trabalho de evacuação e esvaziamento dos estabelecimentos facilitado. A água toma conta da cidade com uma simplicidade que só a natureza tem. Lembro da enchente do ano passado sempre que vejo um cano estourado na rua ou um pouco de água empoçada perto do meio-fio, isso porque é assim que uma enchente nasce: primeiro, a água vai empoçando-se nos recantos das ruas; depois, começa a cobrir o asfalto ou o calçamento, inofensivamente, igual ao que acontece em qualquer chuva forte, os carros passam sem problema; poucas horas depois, começa a tomar conta do interior das residências e lojas, semelhante a um balde de água barrenta derramado de fora para dentro pela brecha inferior da porta, molhando o piso. Mais algumas horas se passam e a água está cobrindo o teto das casas, invadindo o primeiro andar, arrancando os semáforos, partindo postes ao meio, derrubando construções, levando carros que permaneceram estacionados. A correnteza passa dentro da cidade como um tsunami.
    Nesta semana, Palmares chegou a ficar em terceiro lugar nos trend topcs nacionais do Twitter. Isso demonstra a solidariedade dos brasileiros para com aquela cidade sofredora, que vê no próprio rio que a corta o seu maior pesadelo. Pouquíssimas pessoas em Palmares usam o Twitter e, mesmo se muitas o usassem, no dia em que a cidade foi trend nacional, ela estava sem internet e sem energia elétrica. Foram as pessoas do resto do Brasil que falaram em Palmares por um tempo.
    Eu ia escrever sobre nada, como vistes no início do primeiro parágrafo, afinal, faltando novidades, o jeito é escrever sobre a própria falta de inspiração. Entretanto, no meio da redação, surgiu esse tema das enchentes. Pelo menos o primeiro texto deste mês saiu.