sábado, 3 de março de 2012

A sabedoria do silêncio tumular


    Hoje, sábado, fui ao cemitério de Santa Cruz do Capibaribe simplesmente para visitar o túmulo dos meus bisavôs. O motivo da ida à cidade santacruzense, que fica a 45 quilômetros daqui de Caruaru, foi simplesmente este: fazer uma simples visita desinteressada a um túmulo antigo, como costumo fazer regularmente, levando flores ou somente minha presença. Não sou dos que pensam coisas como: “Devemos nos importar mais com os vivos do que com os que já morreram.” Isso não passa de retórica vagabunda, um tipo de hipocrisia para com os próprios familiares mortos. É um jeito “bonitinho” de dizer: “Não quero visitar meus familiares falecidos porque não encontro nenhum entretenimento no cemitério, pois só ligo para o que é divertido e nada mais.” Nunca pensei como essas pessoas, desde pequeno gosto de caminhar entre túmulos e sentir o silêncio que só os cemitérios têm. As mesmas lápides que eu visitava quando tinha 4 anos de idade ainda estão do mesmo jeito. Cemitérios são algo como um lugar parado no tempo e nos fazem refletir profundamente sobre o sentido da nossa própria vida. Quem me conhece, sabe muito bem que não acredito em nada espiritual, não creio em eternidade nem em nada do tipo. Então o que vou fazer num cemitério, lugar aparentemente religioso? Vou ouvir o silêncio. Há uma sabedoria naquele vasto silêncio tumular, qualquer coisa que sentimos mas não sabemos explicar; talvez seja essa sensação que causa tanto medo em muita gente que visita o cemitério, mas não tenho medo de senti-la, ao contrário, vou buscá-la e ouvi-la.
    Cuide de quem já morreu! Devemos cuidar dos vivos (isso é tão óbvio que não merece nem ser dito) e devemos TAMBÉM cuidar dos mortos. Conserve seus túmulos, leve flores, lembre-se deles e reflita.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Para uma vida não-vazia

    Geralmente, pessoas que pensam coisas como "curta a vida o máximo que puder, antes que seja tarde" são as que mais facilmente entram em depressão, pois imaginam que o sentido da vida é apenas viver com intensidade e nada mais. Nessas pessoas, a prática da paciência é inexistente e a sabedoria nas decisões é quase nula. Elas não têm verdadeira força de vontade nem a virtude de seguir uma ideia até o final. Têm dificuldade em levar as coisas a sério, não se dominam nem sabem fazer sacrifícios para conseguirem o que querem, por isso não crescem como pessoas nem se destacam em nada. Acho ridículas essas pessoas! Não passam de arruaceiros baratos, vulgares, projetos de nada. A vida exige sacrifício, abstenções, dedicação de muito tempo às preocupações, pensamento, estudo, planejamento pesado, ações sábias e decisões mais sábias ainda. De que adianta “curtir a vida” e fazer tudo errado? De que adianta “curtir a vida ao máximo” e acabar se reconhecendo como um idiota entregue aos vícios do “viver”. O dia chega em que olhamos para trás e vemos que não soubemos fazer progresso como pessoa, pois a pura diversão sem conteúdo foi a principal preocupação nossa durante muito tempo. Claro que não vou permitir que no meu futuro eu veja uma coisa dessas quando olhar para trás. Entretanto, é óbvio que devemos curtir a vida, mas não podemos ver o “curtir” como o sentido da nossa existência. Em suma, quando essas pessoas curtidoras se reconhecem umas idiotas, é tarde demais.
    Será que os grandes gênios da humanidade tiveram tempo de “curtir a vida antes que fosse tarde?”