sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sua fé é uma piada

Este vídeo do Patrick Condell, cuja legenda fiz questão de aqui transcrever toda, expressa bem minha opinião quanto ao “respeite minha fé”. A tradução e a legenda são de Alessandro Magno.


    Se você critica a religião, então, de vez em quando, alguém lhe diz, em tom de desaprovação: “Você pode não ter fé em Deus, mas, pelo menos, poderia mostrar um pouco mais de respeito às pessoas que têm.” E você pode até pensar: “Na verdade, talvez estejam certos; não faria mal nenhum mostrar um pouco mais de respeito, afinal, ninguém gosta quando se diz, sem rodeios, que sua religião é um monte de lixo delirante e uma força para o mal no mundo, e que o que eles chamam de fé é apenas o medo vestido como virtude e que suas crenças infantis são uma camisa-de-força em toda a humanidade.” Já seria suficiente para deixar alguém irritado.
    Sim, talvez eu pudesse mostrar um pouco mais de respeito. O único problema é que eu realmente não sinto qualquer respeito. Eu tentei, realmente tentei, e me sinto mal por isso, mas simplesmente não dá. Acho que eu poderia mentir para mim mesmo e fingir, por causa dos sentimentos das pessoas (porque todos nós sabemos quão delicados e sensíveis eles podem ser esses dias), mas a verdade nua e crua é que eu realmente não me preocupo com os seus sentimentos, nem sequer um pouco. E, claro, eu entendo que isso deveria pesar na minha consciência, mas, infelizmente, a minha consciência sabe quando está sendo intimidada e manipulada, de modo que ela também não se importa. Minha consciência sabe que não há razão terrena para ninguém neste planeta respeitar a religião de forma alguma. De fato, baseado unicamente nas evidências dadas pela própria religião de forma tão regularmente abundante, há todo tipo de razão para desrespeitá-la ativamente devido ao seu notório abuso. E, francamente, o fato de que a religião recebe tão pouco abuso em relação ao que ela realmente merece, só posso atribuir à inacreditável tolerância, contenção, e às boas maneiras dos ateus e secularistas em toda parte. Então, se você for uma pessoa religiosa e se estiver pensando em exigir mais respeito por suas crenças, por favor, tente ter em mente que você e sua religião já estão recebendo bem mais respeito do que jamais mereceram. Sua fé é uma piada. Seu (D)deus é uma piada. Ele é tão absurdo que é uma vergonha mesmo para pessoas que não acreditam nele. E ele e você ainda têm tudo a provar. Até agora, não houve NENHUMA prova – é provável que nem haja, como todos bem sabemos. Por isso, “respeito” eu creio que esteja fora de questão. O melhor que você pode esperar é divertida incredulidade, vinda em um bom dia.
    As pessoas dizem: “Bem, você só pode compreender verdadeiramente a fé quando se tem fé.” Eu acho que, com isso, querem dizer: “Quando você suspender suas faculdades críticas e ter hipnotizado a si mesmo para acreditar em um monte de absurdos fascistas sobre a sua alma eterna, então você vai entender a fé.” Bem, eu certamente posso acreditar nisto. Os vendedores ambulantes da fé gostam de colocar-se fora de questão, alegando que a fé deles “transcende” a razão, a mesma coisa à qual teriam que prestar contas. Quão convincente! Sim, a fé “transcende” a razão da mesma forma que um criminoso “transcende” a lei. A palavra “transcendente” é muito popular com cafetões religiosos, porque eles nunca têm de explicar precisamente o que querem com isso dizer, a não ser algum vago superior estado de compreensão mais profundo do que meramente a razão, que é crua e simplista perto das sutilezas e profundidades de crer sem evidências. Se você ouvir um clérigo (e você vai) usar a palavra “transcendente” para explicar as bobagens nas quais ele diz acreditar, então você sabe duas coisas: primeiro: ele não sabe o que está falando; segundo: ele também não quer que VOCÊ saiba sobre o que ele está falando. Fé não transcende a razão de forma alguma. Fé dribla a razão. Ela foge da razão porque a razão ameaça sua aconchegante bolha de ilusão. Assim, a fé desqualifica a razão da mesma maneira que um tribunal criminal holandês desqualifica a verdade e testemunhas, e pela mesma razão. Se você é um crente, sua fé lhe permite adotar um conjunto de crenças que não fazem absolutamente sentido algum, sabendo que você não será avaliado por elas fazerem sentido, mas pelo nível de devoção que você mostra em acreditar nelas. Em outras palavras: a sua vontade de negar a realidade torna-se uma medida de sua virtude. Não é a toa que a religião é tão popular... Mas quê preço você paga por essa virtude! Você foi convencido de que crer no impossível é sua única esperança. Como isso aconteceu? E que seu propósito é o de adorar algo além de sua compreensão, definida por (e só acessível através de) intermediários autonomeados. Seus pensamentos, suas palavras e sua identidade não são mais exclusivamente seus para decidir, mas estão sujeitos à aprovação daqueles que assumiram a autoridade sobre você através de sua fé, as pessoas que lhe disseram que você nasceu com algo de errado (fala sério!!), em um “estado de pecado”, nada menos, uma condição que só pode ser curada por total submissão e obediência a elas (surpresa!) desde o momento em que você nasce até o momento em que morre. E se tudo isso precisamente não lisonjear seu ego (e por que deveria?), não se preocupe, nós podemos dar-lhe um nome especial para fazer você se sentir melhor e convencê-lo de que você ainda tem alguma dignidade. Vamos chamar isso de , e vamos considerar que ela seja a maior, mais nobre e profunda de todas as virtudes, e vamos fingir que ela vem de dentro, quando todos sabemos que nada sobre a sua religião é permitido vir de dentro, porque isso lhe daria força e liberdade, as duas coisas que a sua religião quer o mais longe possível de você. A fé é a alça que o clero tem sobre você. É a corda invisível em torno do seu pescoço que te puxa ao longo da estrada na qual ELES querem que você viaje, em benefício deles, não seu. É uma palavra “beco sem saída”. É uma palavra de escravidão. É uma palavra que lhe permite acreditar no que lhe foi dito para acreditar, sem sentir que lhe foi dito para acreditar, mas você sente e pode parar de fingir no momento que quiser. Não é uma virtude; virtude é a última coisa que ela é. É uma abdicação da realidade. É um ato idiota de auto-hipnose. É uma escapatória covarde. É ingenuidade com uma auréola. E se esconder por trás dela é como fingir ser um inválido.
    Então, eu realmente não entendo exatamente o que tenho que respeitar. Parece-me que eu precisaria ser uma espécie de contorcionista moral para respeitar alto tão nocivo, algo que depende da sua mente fechada para existir. E é isso, claramente, arrastar a humanidade para a direção errada e dar-nos falsas ideias sobre nós mesmos e sobre a natureza da realidade. Sinto que se eu respeitasse isso, estaria desnecessariamente contribuindo para a estupidez e ignorância da raça humana, e isso é algo que não quero em minha consciência. Sem ofensa.
    Peace.

Nenhum comentário: