quarta-feira, 23 de junho de 2010

Para quem ama

Acho que vou escrever um poema falando de amor.

Estou muito romântico hoje – né?!

Minha cidade desceu na cheia do rio Una, o que sobrou falta pouco para desabar e, o mais importante: as catástrofes me inspiram.


Liguei o rádio numa rádio fora do ar.

O chiado favorece minha inspiração, que rima com

Papelão, balcão, sabão, ladrão.

Som na caixa fora do ar!


Eu não estou bêbado, nem pirei, isto aqui é um poema – né?! –, que

Fala de

Amor.

Quando escrevemos poemas, devemos abandonar completamente a prosa, senão não teremos poema e se o autor disser no poema que o que ele escreveu foi um poema,

O autor pirou.


Sei lá! – né?! – Não gosto de repetição, só acho que vou escrever um poema falando de amor.

Mas sem repetição.

Como o amor.

O amor não tem repetição.

O chiado está me dizendo, não em prosa, em poesia, de tal forma que poesia faço,

O chiado está me dizendo que o amor é um chiado.

Cada ¡tzchzzchh! é irrepetível.


Tenho que me lembrar de que isto é um poema,

Não uma prosa.


O amor é um macaco andando de avião;

É um pedaço de plástico enrolado num sabão.

É um dinossauro fazendo cocô;

É as pétalas de uma flor.

É um azulejo português;

As barbas de um freguês.

É Deus, é Alá, é Javé;

É as pernas de Seu Mané.

É o Flamengo, é o flamingo, é o Corinthians;

É o Botafogo-go-go-go.


“Salve o Tricolor Paulista...”

Onde canta o sabiá?

Acho que vou escrever um poema falando de amor nas palmeiras do Polo Sul.

Mas as coisas devem fazer sentido – né?! – Nada no mundo pode carecer de sentido.

Nossas pernas devem estar pregadas em nossos pés e devemos andar.

E seguir amando.

Curtume de amor amado és.

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