Acho que vou escrever um poema falando de amor.
Estou muito romântico hoje – né?!
Minha cidade desceu na cheia do rio Una, o que sobrou falta pouco para desabar e, o mais importante: as catástrofes me inspiram.
Liguei o rádio numa rádio fora do ar.
O chiado favorece minha inspiração, que rima com
Papelão, balcão, sabão, ladrão.
Som na caixa fora do ar!
Eu não estou bêbado, nem pirei, isto aqui é um poema – né?! –, que
Fala de
Amor.
Quando escrevemos poemas, devemos abandonar completamente a prosa, senão não teremos poema e se o autor disser no poema que o que ele escreveu foi um poema,
O autor pirou.
Sei lá! – né?! – Não gosto de repetição, só acho que vou escrever um poema falando de amor.
Mas sem repetição.
Como o amor.
O amor não tem repetição.
O chiado está me dizendo, não em prosa, em poesia, de tal forma que poesia faço,
O chiado está me dizendo que o amor é um chiado.
Cada ¡tzchzzchh! é irrepetível.
Tenho que me lembrar de que isto é um poema,
Não uma prosa.
O amor é um macaco andando de avião;
É um pedaço de plástico enrolado num sabão.
É um dinossauro fazendo cocô;
É as pétalas de uma flor.
É um azulejo português;
As barbas de um freguês.
É Deus, é Alá, é Javé;
É as pernas de Seu Mané.
É o Flamengo, é o flamingo, é o Corinthians;
É o Botafogo-go-go-go.
“Salve o Tricolor Paulista...”
Onde canta o sabiá?
Acho que vou escrever um poema falando de amor nas palmeiras do Polo Sul.
Mas as coisas devem fazer sentido – né?! – Nada no mundo pode carecer de sentido.
Nossas pernas devem estar pregadas em nossos pés e devemos andar.
E seguir amando.
Curtume de amor amado és.
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