ADVERTÊNCIA: Nosso mundo é muito sério. O povo é culto, exigente no que lê e erudito nas ações. A mídia formadora de opinião é muito séria, as revistas principalmente. Vivemos cercados de homens honrados, austeros, sérios. Sobretudo nas manifestações artísticas tem-se uma rigidez técnica de causar inveja ao Barroco. É em homenagem a essa seriedade que o texto seguinte foi escrito.
À pomposa mesa do que muitos consideram o mais requintado restaurante de Brasília, entre as outras mesas dispostas sobre macio carpete escarlate, encontra-se um senhor sentado em companhia de outro sujeito mais novo. Trata-se dum deputado e o seu secretário, respectivamente. O silêncio da refeição é quebrado por curioso barulho partido de baixo da cadeira do legislador.
– Vossa Excelência peidou? – pergunta o secretário, meio espantado.
– Foi nada mais que um peido relâmpago – responde o doutor.
– Isso me faz recordar um opúsculo que li outro dia, sobre a grande variedade de peidos existente.
– Quem é o autor?
– Agora não lembro. Só sei que a obra entitulava-se...
– Peidologia.
– Exatamente! O senhor também a leu?
– Devorei-a. Precisamos enriquecer nossa literatura com obras-primas do tipo.
– É pena estarmos carentes de escritores e leitores que valorizem tão precioso assunto.
– Lamento esse fato. Porém, dada a existência de sexólogos, o que impede o surgimento de peidólogos ou até merdólogos?
– Realmente Vossa Excelência sabe o que diz. Aprecio tamanha sabedoria!
Continuam comendo. A sinfonia dos talheres convida o apetite a atuar. Em geral as cores fortes dos restaurantes parecem agudar o paladar, tornando os temperos mais visíveis à língua. Concluída a refeição, o legislador arrota pelo nariz e comenta:
– Já pensou se tivesse saído por baixo outra vez!
Rindo mais com os ombros do que com a boca, o secretário diz:
– O senhor chamou aquele peido de relâmpago, e o classificou bem; não obstante, Peidologia aborda muitos outros tipos de flatulência.
– Como Rasga-bucha, por exemplo; o som é semelhante ao de uma cortina sendo rasgada.
– Há também o Chuveirinho, comum nas caganeiras. Soltamo-lo acompanhado dum esguicho de bosta líquida, que em seguida é expelida em jato. Em outras palavras: se gagássemos com a bunda virada para cima, teríamos um repuxo de merda!
– Em contrapartida, há os silenciosos, como o Apaga-vela. Só é expelido o gás. Acho que, se alguém tentasse, conseguiria mesmo apagar uma vela assim.
– Gostei bastante do Passo-a-passo. É o tipo de peido dos caminhantes e talvez o mais compassado de todos; a cada passo tem-se um pum: pum, pum, pum, pum...
– Já que você falou em termos musicais, lembrei-me do Ascendente e do Descendente. O primeiro começa agudo e termina grave; no segundo ocorre o contrário.
– É demais! Todavia, nenhum se compara ao Apito-gaiato. Este sai igualzinho a um silvo – o nome bem o define. Geralmente escapa quando estamos acocorados.
– Penso que nenhum é tão barulhento feito o Girândola. Não é necessário nem descrevê-lo...
– Engana-se, meu caro. Aposto que o Fura-calça é o mais barulhento de todos. Um amigo meu, após soltar um desses, foi parar no hospital.
– Em verdade, não devemos brincar com essas coisas tão sérias! Mas me revolto por os avaros terem sido homenageados com um tipo de peido: o chamado Unha-de-fome. Este sai tão tacanho que, ao ouvi-lo, dá-nos vontade de dizer ao soltador: “Peide com fé, rapaz!”
– Agradei-me também daquele chamado 3 Segundos. Seu nome deve-se exclusivamente à sua duração, que, para um peido, não é nada pequena.
– O grande autor do opúsculo fala ainda do Intrometido: sai quando menos o desejamos; pode até ser nosso traidor.
Neste momento, o garçom chega para dar a conta. Os dois clientes efetuam o pagamento e agradecem. Desconfiado, o parlamentar diz ao companheiro:
– Vamos embora porque eu acabei de detonar uma Bomba-de-gás!
– Vossa Excelência peidou? – pergunta o secretário, meio espantado.
– Foi nada mais que um peido relâmpago – responde o doutor.
– Isso me faz recordar um opúsculo que li outro dia, sobre a grande variedade de peidos existente.
– Quem é o autor?
– Agora não lembro. Só sei que a obra entitulava-se...
– Peidologia.
– Exatamente! O senhor também a leu?
– Devorei-a. Precisamos enriquecer nossa literatura com obras-primas do tipo.
– É pena estarmos carentes de escritores e leitores que valorizem tão precioso assunto.
– Lamento esse fato. Porém, dada a existência de sexólogos, o que impede o surgimento de peidólogos ou até merdólogos?
– Realmente Vossa Excelência sabe o que diz. Aprecio tamanha sabedoria!
Continuam comendo. A sinfonia dos talheres convida o apetite a atuar. Em geral as cores fortes dos restaurantes parecem agudar o paladar, tornando os temperos mais visíveis à língua. Concluída a refeição, o legislador arrota pelo nariz e comenta:
– Já pensou se tivesse saído por baixo outra vez!
Rindo mais com os ombros do que com a boca, o secretário diz:
– O senhor chamou aquele peido de relâmpago, e o classificou bem; não obstante, Peidologia aborda muitos outros tipos de flatulência.
– Como Rasga-bucha, por exemplo; o som é semelhante ao de uma cortina sendo rasgada.
– Há também o Chuveirinho, comum nas caganeiras. Soltamo-lo acompanhado dum esguicho de bosta líquida, que em seguida é expelida em jato. Em outras palavras: se gagássemos com a bunda virada para cima, teríamos um repuxo de merda!
– Em contrapartida, há os silenciosos, como o Apaga-vela. Só é expelido o gás. Acho que, se alguém tentasse, conseguiria mesmo apagar uma vela assim.
– Gostei bastante do Passo-a-passo. É o tipo de peido dos caminhantes e talvez o mais compassado de todos; a cada passo tem-se um pum: pum, pum, pum, pum...
– Já que você falou em termos musicais, lembrei-me do Ascendente e do Descendente. O primeiro começa agudo e termina grave; no segundo ocorre o contrário.
– É demais! Todavia, nenhum se compara ao Apito-gaiato. Este sai igualzinho a um silvo – o nome bem o define. Geralmente escapa quando estamos acocorados.
– Penso que nenhum é tão barulhento feito o Girândola. Não é necessário nem descrevê-lo...
– Engana-se, meu caro. Aposto que o Fura-calça é o mais barulhento de todos. Um amigo meu, após soltar um desses, foi parar no hospital.
– Em verdade, não devemos brincar com essas coisas tão sérias! Mas me revolto por os avaros terem sido homenageados com um tipo de peido: o chamado Unha-de-fome. Este sai tão tacanho que, ao ouvi-lo, dá-nos vontade de dizer ao soltador: “Peide com fé, rapaz!”
– Agradei-me também daquele chamado 3 Segundos. Seu nome deve-se exclusivamente à sua duração, que, para um peido, não é nada pequena.
– O grande autor do opúsculo fala ainda do Intrometido: sai quando menos o desejamos; pode até ser nosso traidor.
Neste momento, o garçom chega para dar a conta. Os dois clientes efetuam o pagamento e agradecem. Desconfiado, o parlamentar diz ao companheiro:
– Vamos embora porque eu acabei de detonar uma Bomba-de-gás!
Nenhum comentário:
Postar um comentário