sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A ISS e eu

Publicado por André Hilton originariamente no blog Discovery, em 02 de dezembro de 2009.


    Eram 18h04. O sol tinha acabado de se pôr, mas o céu não estava de todo escuro. Duas luzes seguravam o resto do azul que começava a se dissipar com a vinda da escuridão da noite: uma era o crepúsculo, tomando conta de metade da abóbada; a outra era a lua, a imitar no leste o que o crepúsculo fazia no oeste. Era um início de noite todo iluminado pela natureza. Começavam a aparecer as primeiras estrelas. Não havia a menor nuvem. Quis o céu inteiro ser cenário perfeito para a passagem de tão importante personagem. Precisamente na hora esperada, ela entra em cena. 18h05. Ela desponta no norte, brilhando como se irradiasse luz própria. Vistos daqui de baixo, seus 27.700 quilômetros por hora são um simples caminhar elegante na longa passarela celeste. A atriz agora passa a ser modelo, desfilando num cenário todo seu. Onde ela está não tem ar, portanto passa sem deixar o menor ruído. Está cruzando o céu, chega ao zênite, inclino a luneta ao máximo. Por um instante, tiro os olhos da ocular – quero vê-la a olho nu. É encantadora, brilha mais do que Vênus. 402 quilômetros separam-na da minha cabeça. Ela não me vê, mas não me importo com isso: ela é o ídolo, eu sou o fã, cada um deve ficar em seu lugar. E continua desfilando no céu, vai-se para o sul, seu brilho parece se intensificar mais ainda. Aproxima-se do horizonte, parece que parou, será que virou uma grande estrela, a mais brilhante do céu? Não. Ela está cruzando todas as fronteiras, indo além do horizonte.

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